segunda-feira, 4 de outubro de 2010

PIASSA A OBRA DESARMADA NO SILÊNCIO DA ESCRITA.

studio&Piassa®


É um mundo de cores para ser sentido na pele.

A Bahia inspira Piassa e a equipe participante das oficinas a compor um novo layaute para os Totens. http://www.youtube.com/watch?v=1xgsVtdtDdo PIASSA®

PIASSA...
O desafio para quem faz uma análise crítica e escreve sobre a própria obra é dar conta da emoção da criação e pulsação que agora se faz na escrita não mais no tátil, no escultural, nem no cromático das cores. É como se a obra fosse desarmada e levada a conquistar o silêncio da escrita. Escrever sobre cores que gritam, referindo-me ao colorido forte e diferenciado, mas feito de cores comuns mesmo, beirando algumas vezes a homogenização. Falar da cor que compõe estes Totens é quase uma ousadia, uma vontade desarmada de querer e desejar assumir o belo.É desarmada no sentido de que nada em minha obra é forçado ou artificial. É composta de muitas idéias que vão sendo agregadas vindo de pessoas diferentes com históricos dos mais opostos. Aí me pergunto e afirmo como é bom interagir com esses jovens. Como é possível dar um tons frio e imponência usando de cores tão fortes? Uma outra pergunta se apresenta diante dessas divagações,será que o belo ainda é uma denominação pertinente e desejado pela arte? A própria obra fala, se não fala é muda temo esta palavra por conta de uma certa inviolabilidade metafísica, o tempo e as múltiplas idealizações retiraram dela qualquer pregnância de sentido. Mas como deixá-la de lado? Cabe dizer, entretanto, que isto não aconteceu à toa,de fato um esteticismo vazio e uma cooptação frente às determinações do mercado levaram a esta situação complicada em que o belo perdeu espírito e o decorativo abriu mão de qualquer rigor estético. Para uns, o belo é impotente porque não se deixa apreender intelectualmente. Para outros ele é indesejável pois se deixa seduzir pelo brilho decorativo. É neste território minado em que a impotência conceitual e a insatisfação ética mostram-se de imediato, que quero tratar da beleza nas obras em questão. Diante das colagens, do grafismo, da textura e da pintura dos Totens nos vemos sempre em alerta, nossos sentidos ficam despertos, atentos e mobilizados. Deparamo-nos com uma forma cilíndrica e outras ainda em experimentos composta de garatuja e letras atiradas alienatoriamente mas precisas sinalizando mensagem. Uma mistura de intuição parece conduzir minhas ações plásticas. A intuição aí não funciona como algo espontâneo, que daria uma visão poética um caráter um tanto ingênuo. O que se apresenta é uma sabedoria quase física dos materiais, principalmente das cores, que funcionam por contrastes de textura e movimento. Uma obra executada com materiais comuns e pintada com intenção de obter relevos,e que apela ao nosso sentido tátil. Cores exaltadas e tímidas convivem sem se acomodarem e quando se entrelaçam uma a outra se faz de maneira a compor uma sequencia harmônica. O belo é o que produz essa diferença sensível com o que está a sua volta, a um entrelaçamento com o que é exterior além do circulo de garatuja que circunda o Totens. Essa autonomia dá no momento em que o homem artista assume sua maioridade política e espiritual. Também a de considerar a riqueza de descobertas que ocorre quando se da a possibilidade de concretização as comunidades a qual se permite o livre aceso, a participação e intervenção de criança, jovem e adultos dessas comunidades a pensar e acreditar ser possível interagir em seu meio, de forma a obter um resultado plástico, ainda que não convencional.Resultado esse que busca dentro dos confrontos das várias linguagens um registro que coincide com a experiência de um sujeito livre para sentir e julgar, capaz de se por frente ao mundo sem os constrangimentos de uma racionalidade instrumental que nos distingue, o certo do errado, o artístico do não-artístico esta relação entre a autonomia do juízo estético e sua vocação política, o sentido pleno da liberdade. O livre jogo das faculdades, à experiência estética, corresponde ao livre jogo entre os cidadãos anônimos do pós moderno. Há que se compreender o belo como um acontecimento singular que se apresenta aos sentidos, à percepção, e nos mobiliza a ver o mundo, senti-lo, de modo diferenciado. O belo nos retira de uma indiferença perante as coisas e nos faz desejá-lo sem ao mesmo querer consumi-lo e esta é a principal razão de meus atritos com a metafísica, é que a experiência do belo vai ser sempre um acontecimento singular, apoiado no sensível, que não se antecipa nem se define. Ele se apresenta e temos que estar atento. Ele é sempre diferente sendo sempre comum. É essa a diferença que se dá no meio do comum o Totens,que quer o comum,nas suas cores,materiais,formas,para retirá-lo do reino da indiferença.Muitas vezes os Totens se deixam contaminar por uma atmosfera repleta de informações,mas recusam o excesso sensorial. Há contenção sem sofrimento nenhum, a tonalidade afetiva que atravessa essa obra mistura curiosamente alegria e tédio. Mas é um tédio que não inspira abandono,apenas um chega pra lá. É como se cada Totem dissesse: pára,tá bom assim! Outro aspecto importante que começa a aparecer nesta obra refere-se à relação entre pintura,colagem,objeto,instalação e intervenção. Na verdade,creio que tudo leva a uma noção de ambiente,de criar um ambiente,uma atmosfera,onde a vida,a mais comum possível,possa ser vivida e experimentada graficamente. Seja na garatuja da base ou nas intervenções em relevo no corpo que o compõe,mais é no espaço real que percebemos essas conotações,são campos de energia cromática de formas que se propagam e nos convidam a uma leitura tátil. É um mundo de cores para ser sentido na pele. Vale dizer também que suas texturas,ao ser tocada e sentida de maneira tátil dialogam de perto com o cidadão comum que não está preocupado em questionar a origem nem a historia que levaram a sua execução ou ele gosta ou não gosta. A obra por si própria fala se não fala é muda.
Piassa®


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Um comentário:

Esther Alcântara disse...

Sim, Piassa, a obra fala. Até mesmo sem palavras!
Vim te visitar e gostei tanto do que vi por aqui que me tornei seguidora.
Aproveito para te convidar: quando puder, passe na minha página conhecer meus poemas.
Beijos.