quinta-feira, 24 de setembro de 2009

"CONCRETISMO"

Lygia Clark Neoconcreta
O concretismo não tem intenção alguma em retratar o “mundo visível”. Esse tipo de arte traz, na verdade, uma nova concepção de ver o mundo. As relações entre formas se estruturam de maneira inusitada, formando um tipo de “célula” que se constrói diariamente, fazendo uso das formas geométricas que nos rodeiam. Esta “célula de construção” dá ritmo ao olhar pacatamente cotidiano.


Literatura
O concetrismo literário apresenta nuances dadaístas, futuristas e surrealistas, ao menos no que respeita à exaltação e criativadade do Fazer poético. Os estudos semióticos de Pierce (e sua busca constante pelo significado dos signos) também foram extremamente importantes para a feitura da poesia concreta.
O marco inicial desse fenômeno artístico é creditado ao ano de 1897, tendo como ponto forte o poema desconcertante “Un coup de dés” de Mallarmé (a estrutura verbo-visual do poema é quem “comunica” algo, não sua temática). Posteriormente Marinetti (panfletário do Futurismo), Apollinare (que gravitou pelo Realismo, Simbolismo, Cubismo e acabou morrendo de Gripe Espanhola…), Pound (criador do Imagismo e Vorticismo, precursores do Concretismo), Joyce (e sua desintegração sintático-semântica, essa, óbvio é do Bosi) … e, em língua portuguesa, carinhas nada importantes tais como Drummond, Pessoa (em pessoa), João Cabral de Melo Neto e Sousândrade… fizeram parte do legado “genético” do Concretismo.

O que importa é a visão! Mas, apenas isso? Não! Os planos verbo-visuais se entrelaçam, arraigando-se a outros campos. A “provocação” concretista se instaura nos seguintes segmentos:
Sintático: estratificação das partes o discurso; justaposição; ruptura da sintaxe convencional, ausência de pontuação …

Léxico: uso de neologismos e siglas…

Semântico: ideogramas; trocadilhos; polissemia…

Fonético: jogos soronos; preferência aos grupos de consoantes; aliteração; assonância…

Morfológico: sepração dos radicais, dos prefixos, uso exaustivo de determinados morfemas…

Topográfico: não-linearidade; abolição do verso…uso de constelações (experimentos espaciais)…

Enquanto expressão marcante e vívida das Vanguardas Estéticas, o Concretismo, aparentemente supra-lógico (sabemos, entretanto, que a produção concretista se baseia no raciocínio lógico), configurou-se também como um movimento crítico mordaz. No Brasil, o Concretismo se fez forte na década de 50 e teve a importante contribuição dos irmãos Campos, bem como de Pignatari, por exemplo.




“Terra”














“Beba Coca-cola” Décio Pignatari

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